segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Capítulo 04 - Composição de custos

Dá-se o nome de composição de custos ao processo de estabelecimento dos custos incorridos para a execução de um serviço ou atividade, individualizado por insumo e de acordo com certos requisitos pré-estabelecidos. A composição lista todos os insumos que entram na execução do serviço, com suas respectivas quantidades, e seus custos unitários e totais.

As categorias de custo envolvidas em um serviço são tipicamente:

Mão de Obra
Material
Equipamento

A determinação da contribuição relativa de cada uma dessas categorias é a essência do processo de estabelecimento de qualquer composição de custos. Há ainda custos de subcontratos e os indiretos. Os custos indiretos são despesas gerais não diretamente ligadas ao serviço propriamente dito, mas de ocorrência inevitável.

Em geral, uma composição de custos pode ser feita antes da execução do serviço ou após este haver sido parcialmente ou totalmente concluído. O propósito da composição é diferente nos" dois casos.

Quando feita antes do serviço, a composição é dita estimativa ou orçamento ou ainda' conceitual, e serve para que o construtor tenha uma noção do custo a ser incorrido por ele no futuro. Nessa etapa, a composição de custos é a base utilizada pelas empresas para a definição de preços a serem atribuídos em licitações e propostas.

Se feita enquanto o serviço é executado ou após sua conclusão, a composição de custos presta-se à aferição da estimativa previamente feita. A composição passa então a ser um instrumento de controle de custos, permitindo ao construtor identificar possíveis fontes de erro na composição do orçamento original, e gerando uma história para a empresa, útil para estimativas futuras.

Composição de custos unitários:

O custo unitário é o custo correspondente a uma unidade de serviço, como por exemplo:
• custo de 1 m3 de escavação manual;
• custo de 1 m2 de alvenaria de tijolo cerâmico de 9 x 14 x 19 cm;
• custo de 1 m de meio-fio assentado;
• custo de 1 m2 de pintura com tinta à base de óleo;
• custo de 1 m3 de carga, transporte, lançamento e espalhamento de solo;
• custo de 1 kg de armação estrutural;
• custo de 1 un de poste instalado;
• custo de 1 kWh de esgotamento de vala.

A composição de custos unitários é uma tabela que apresenta todos os insumos que entram diretamente na execução de uma unidade do serviço, com seus respectivos custos unitários e totais.

Ela é constituída de cinco colunas:




Exemplo. Para a composição de custos unitários abaixo:

(i) interpretar a composição;
(ü) calcular as quantidades e custos de cada insumo para uma obra cujo quantitativo seja de 80 m² de concreto estrutural;
(iii) dimensionar a equipe para concretar os 80 m3 em um prazo de 40 horas.

Serviço: preparo, transporte, lançamento e adensamento de concreto estrutural fck = 200 kgf/cm²
Unidade: m³


(i) Interpretação da composição:
• Para o preparo de 1m3 de concreto são requeridos:
- 306,00 kg de cimento (= 6,12 sacos);
- 0,901 m3 de areia;
- 0,209 m3 de brita 1;
- 0,627 m3 de brita 2;
- 8 horas de servente;
- 1hora de pedreiro;
- 0,35 hora de betoneira

• O custo orçado para o preparo, transporte, lançamento e adensamento de 1 m3 de concreto
estrutural é de R$ 226,37;

• O insumo que mais incide no custo do serviço é o cimento (R$ 1l0,16/m3), que representa
48,7% do custo do concreto;

• O segundo insumo que mais incide no custo do serviço é o servente (R$ 33,60/m3), que
representa 14,8% do custo dj) concreto;

•ocusto de material é de R$ 185,12 (=R$ 110,16+31,54+10,87+32,60) porm3 de concreto
estrutural, correspondendo a 81,8% do custo total;

• O custo de mão-de-obra é de R$ 40,50 (=R$ 33,60+6,90) por m3 de concreto estrutural,
rorrespondendo a 17,9% do custo total;

• O custo de equipamento é de R$ 0,70 por m3 de concreto estrutural, correspondendo a
0,3% do custo total;

• Há uma proporcíonalidade de 8 serventes para 1 pedreiro (pelo índice nota-se que a
incidência de horas de servente é 8 vezes maior do que a de pedreiro, daí a razão 8:1);

(ii) Para uma obra de 80 m3 de concreto estrutural:

Dimensionamento da equipe para prazo de 40 horas:

Servente: 640 homens-hora /40 horas = 16 serventes
Pedreiro: 80 homens-hora / 40 horas = 2 pedreiros

Interpretação de custos:

Um exemplo ilustrativo é a composição de custos unitários da armação:

Serviço: armação estrutural aço CA-50, envolvendo aquisição das barras, manuseio, corte,
dobra, transporte e instalação.


Unidade: kg


Interpretação:

• O custo de preparação de 1 kg de armação estrutural, envolvendo aquisição das barras, manuseio, corte, dobra, transporte e instalação nas fôrmas é de R$ 4,45/kg;

• Há dois insumos de mão-de-obra (armador e ajudante) e dois insumos de material (aço CA-50 e arame recozido nº 18);

• O insumo que mais impacta no custo do serviço é o aço CA-50, pois seu custo total no serviço é de R$ 3,19/kg, representando 71,7% do serviço armação estrutural;

• A composição indica uma relação numérica de 1 ajudante para 1 armador (1:1), pois os índices desses insumos são iguais. Caso os índices fossem 0,10 h para o armador e 0,05h para o ajudante, a incidência de ajudante seria metade da do armador, indicando uma razão de 1 ajudante para cada 2 armadores (esta composição seria R$ 0,21/kg mais barata);

• Foi considerada perda de 10% no aço, porque seu índice é 1,10, significando que é necessário adquirir 1,10 kg de aço CA-50 para se ter 1,0 kg de armação conforme requerido pelo projeto;

É preferível o construtor ter 5% de desconto no aço do que o arame todo de graça. Isso porque o desconto de 5% no aço representa um ganho de R$ 0,16/kg, contra R$ 0,15/kg arame;

• Cada armador deve preparar 10,0 kg por hora de trabalho. Ora, se o índice representa 0,10 h de  armador para cada quilo de armação, em 1 h teremos 1/(0,10 hlkg) = 10,0 kg/h que é a produtividade do armador;

• Em uma semana de 44 horas, uma equipe de 5 armadores consegue armar 44 h x armadores/ 0,10 h/kg = 2.200 kg de armação;

• O maior valor que deveria ser pago a um subempreiteiro de armação (material fornecido pelo construtor) seria R$ 0,69+0,42 = R$ 1,lllkg (incluídos os encargos sociais), pois o tal subempreiteiro estaria encarregado apenas de fornecer a mão-de-obra do serviço. Fechar o serviço com o subempreiteiro por um valor superior a R$ l,ll/kg iria acarretar uma diminuição no lucro da obra.

Outro exemplo eloqüente é a composição de custos unitários de fôrmas:

Serviço: fôrma de chapa compensada para estruturas em geral, resinada, e= 12 mm, 3 utilizações.
Unidade: m2.


Interpretação:

• A composição de custos unitários de fôrma refere-se a 1 m2 de área desenvolvida na planta de fôrmas, ou seja, superfície da fôrma em contato com o concreto;

• O custo de preparação de 1 m2 de fôrma de chapa compensada para estruturas em geral, resinada, e=!2 mm, 3 utilizações, é de R$ 31,85;

• O índice 0,43 h/m2 da chapa compensada significa uma perda de 30% na chapa. Isso porque, sendo 3 as utilizações da chapa, o total de chapa por m2 de fôrma é dado por 1 m2/ 3 + 30% = 0,43 m2;

• A composição indica uma relação numérica de 1 ajudante para 1 carpinteiro (1:1), pois os índices desses insumos são iguais;

• Cada carpinteiro gasta 1,20 h/m2, o que representa uma produtividade de 1/1,20 = 0,83 m2/h.


Montagem de uma composição de custos:

O exemplo a seguir ilustra o processo de montagem de uma composição de custos unitários.

Exemplo. Montar as composições de custos unitários da estrutura de concreto armado do capítulo anterior, supondo que a obra tem 30 muros iguais ao mostrado.

Fôrma:
Área de fôrma de cada muro = 2 x 7,70 x 2,90 = 44,66 m2

Então, na composição de custos unitários, os índices serão as quantidades levantadas divididas
por 44,66, para que estejam referidos a 1 m2 de fôrma.

As colunas % Perdas e Quantidade de Utilizações ilustram os cálculos passo a passo:

• chapa compensada: 58,1/44,66 x 1,20/5 = 0,312 m2

• sarrafo: 282,4/44,66 x 1,30/3 = 2,74 m




Índice e produtividade:

Define-se produtividade como a taxa de produção de uma pessoa ou equipe ou equipamento isto é, a quantidade de unidades de trabalho produzida em um intervalo de tempo especificado normalmente hora. A produtividade indica a eficiência em transformar energia (e tempo) e produto. Quanto maior a produtividade, mais unidades do produto são feitas num determina, espaço de tempo. É óbvio notar que, quanto mais produtivo um recurso, menor quantidade tempo será gasta na realização da tarefa.


Os índices podem ser vistos como o inverso da produtividade. No caso da armação, com o índice do armador é 0,10 h!kg, a produtividade é de 10,0 kg!h. Se o índice fosse 0,15 h/kg, produtividade seria 6,67 kg/h.

O conhecimento e o domínio dos índices são de grande importância porque:

• Revelam a produtividade da mão-de-obra e equipamento, e o consumo dos materiais adotados no orçamento;
• Fornecem um parâmetro para comparação do orçado com o realizado;
• Representam o limite além do qual a atividade se toma deficitária;
• Permitem a detecção de desvios;
• Ajudam o gerente a estabelecer metas de desempenho para as equipes.

A quantidade de homens-hora de cada categoria de trabalhador de um serviço é função produtividade, ou seja, da rapidez com que o trabalho é executado. Pela própria definição produtividade, quanto mais unidades de trabalho o indivíduo produz na unidade de tempo menor a quantidade de homens-hora requerida para conclusão da atividade.

Existe uma relação direta entre duração e quantidade de recursos. Se uma obra dispõe muitos homens para determinada atividade, sua duração é logicamente menor do que se um número inferior de homens estivesse disponível para aquela tarefa.

Exemplo. Dimensionar equipe para montar 12 toneladas de estrutura metálica, com premissa de que o índice é de 150 hlt e que cada operário trabalha 10 horas por dia:
Total de horas requeridas = 12 t x 150 h/t = 1.800 h


Enquanto o consumo de material necessário para um serviço pode ser matematicamente levantado a partir dos desenhos, pois tem dimensões exatas, o estabelecimento da produtividade da mão-de-obra é um processo empírico e depende de uma série de fatores, tais como experiência, grau de conhecimento do serviço, supervisão, motivação, etc. Por tudo isso, a produtividade deve estar sendo continuamente aferida no campo, e informada ao setor de orçamento. Consultar índices de livros pode ser uma boa prática, mas a homogeneização da produtividade entre as obras está longe de ser uma realidade.

O gerenciamento da produção de uma obra tem relação intrínseca com os índices adota dos no orçamento. A meta de todo gerente é melhorar os índices (ou seja, diminuí-Ios) a fim de maximizar o lucro de cada serviço.

Se no exemplo da armação estrutural visto acima cada armador estiver produzindo em média 370 kg de armação por semana de 44 horas, a obra estará tendo prejuízo nesse serviço, pois a produtividade estaria em 370/44 = 8,4 kg!h, que equivale a um índice de 0,12 h/kg, que é maior do que o índice orçado. Se o gerente pudesse perceber tal desvio a tempo, ele poderia pesquisar as fontes de ineficiência e tomar medidas corretivas.

As produtividades devem levar em conta as interrupções e oscilações que ocorrem com a produção do trabalhador: deslocamentos entre uma frente de serviço e outra, paradas para beber água, necessidades fisiológicas, "cera", falta de material, espera por equipamentos, etc.

O tempo improdutivo depende do indivíduo, da supervisão, das condições climáticas (em temperaturas muito altas há uma tendência maior a interrupções), da complexidade do serviço, da urgência, etc. Aprodutividade, portanto, deve ser colhida no campo abrangendo um período de tempo relativamente longo, a fim de que sejam realistas, ou seja, reflitam com precisão a taxa média de rapidez com que o serviço é feito.

Informações sobre produtividade de obras similares são realmente úteis como ponto de partida. Com a finalidade de criar uma história de produtividades, as obras geralmente criam formulários de






Apropriação de índices:

Por mais abrangente que seja o conjunto de composições de custos unitários que um livro possa conter, ele parte de observações de obras diversas, de construtoras diversas e realizadas sob condições particulares.

As construtoras precisam então desenvolver suas próprias composições de custos, que reflitam
produtividade de campo de suas equipes e, enfim, que melhor representem as caractensticas de produção da empresa.

Ao processo de obtenção dos índices reais de produção dá-se o nome de apropriação. É pela apropriação que o construtor passa a conhecer seus índices, a realidade de sua empresa.

O passo inicial da apropriação é a observação. É a partir dos dados coletados no campo que se
construirá composição real. Observar é assistir e registrar.

Exemplo. Uma construtora apurou os dados abaixo referentes ao serviço levantamento de alvenaria de bloco. Calcular a produtividade e o índice (RUP) do serviço e comparar com os índices de 1,00 h/m2 adotados no orçamento (para pedreiro e servente).

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Capítulo 03 - Levantamento de quantidades

O início da orçamentação de uma obra requer o conhecimento dos diversos serviços que à compõe. Não basta saber quaís os serviços, é preciso saber também quanto de cada um deve ser feito.

A etapa de levantamento de quantidades (ou quantitativos) é uma das que intelectualmente mais  exigem do orçamentista, porque demanda leitura de projeto, cálculos de áreas e volumes, consulta a tabelas de engenharia, tabulação de números, etc.

A quantificação dos diversos materiais (ou levantamento de quantidades) de um determinado serviço deve ser feita com base em desenhos fornecidos pelo projetista, considerando-se as dimensões especificadas e suas características técnicas. Por exemplo, ao se medir a área de piso de um apartamento, deve-se separá-Ia por tipo de revestimento.

O processo de levantamento das quantidades de cada material deve sempre deixar uma memória de cálculo fácil de ser manipulada, a fim de que as contas possam ser conferidas por outra pessoa e que uma mudança de características ou dimensões do projeto não acarrete um segundo levantamento completo. Em vista disso, são normalmente usados formulários padronizados por cada empresa.

Dimensões

O levantamento de quantidades pode envolver elementos de naturezas diversas:

Eventualmente, o construtor pode fabricar seu próprio material. Um exemplo é uma obra de estrada em que o agregado provém da britagem e peneiramento de blocos rochosos escavados a fogo. Nesse caso, o preço do material (seja em metro cúbico ou em tonelada) é o preço do desmonte da rocha mais seu beneficiamento.

A seguir, apresentamos em detalhe o processo de levantamento de quantidades dos principais serviços que aparecem nas obras.

Demolição

O volume da estrutura a ser demolida "cresce" quando passa da construção ao entulho. Isso porque o arranjo da massa se desfaz e aumenta de volume. Esse "inchamento", bem semelhante a um empolamento, varia de material para material, e de acordo com o método de demolição. Para demolição de alvenaria de blocos, comum em obras e reformas, recomenda-se multiplicar o volume por 2. Em outras palavras, 1 m3 de alvenaria gera cerca de 2 m3 de entulho quando demolida.

Fôrma

Para a determinação do quantitativo de fôrmas, é importante que haja um projeto executivo, com o detalhamento das diversas peças.

Para fôrmas de madeira, normalmente encontram-se os seguintes componentes: chapa compensada (resinada, plastificada), sarrafo, prego, desmoldante. Só com um projeto de fôrmas é que o orçamentista pode estimar com segurança o quantitativo de todos esses elementos.


O exemplo a seguir ajuda a entender o levantamento das quantidades. Exemplo. Levantar os quantitativos de todos os materiais necessários ao serviço de fabricação, montagem e escoramento da  fôrma da estrutura abaixo:


 
Chapa compensada (dimensões 2,20 m x 1,10 m):

Quantidade de chapas na direção horizontal = 7,70 m / 2,20 m = 3,5 -> 4 un
Quantidade de chapas na direção vertical = 2,90 m / 1,10 m = 2,6 -> 3 un
Total = 3 x 4 x 2 lados = 24 un - 24 un x 2,20 m x 1,10 m = 58,1 m2


Sarrafo:

Vertical = 7,70 m / 0,45 m = 17,1 -> 18 un x 2,90 m x 2 lados = 104,4 m
Horizontal = 2,90 m / 0,60 m = 4,8 -> 5 un x 2 x 7,70 m x 2 lados = 154 m
Escora = 7,70 m / 1,35 m = 5,7
Piquete = 6 un x 1,0 m = 6 m
Total = 282,4 m


Tensor metálico:

A cada 2 cruzamentos na horizontal = 5 x 9 = 45 un

Prego:

Usar taxa de 0,25 kg/m2 _ 7,70 m x 2,90 m x 2 lados x 0,25 kg/m2 = 11,2 kg



Armação

O serviço de armação é estimado com base no peso (seria mais correto dizer massa) de aço requerido de acordo com o projeto estrutural, que em geral traz um quadro de ferragem ou lista de ferros de cada peça ou conjunto de peças, contendo os respectivos comprimentos, bitola e quantidade.

Agrupados por bitola, o comprimento pode ser convertido em peso por meio da seguinte correspondência:


Traços de argamassa e concreto

Alvenaria

O levantamento de quantidades de alvenaria destina-se a obter a área de parede a ser edificada, por tipo, assim como desmembrar essa área em termos dos insumos que entram na execução do serviço. Em outras palavras, primeiro determina-se a área de parede e, a partir dela, a quantidade de blocos e de argamassa de levante da alvenaria.

A área de alvenaria servirá de base para o levantamento de quantidades de outros serviços, tais como chapisco, emboço, reboco, pintura e azulejo.

Área de Alvenaria

O levantamento da área de alvenaria a ser levantada na obra parte da interpretação da planta baixa da edificação, associada às elevações mostradas nos cortes transversais. Pode-se calcular a área de alvenaria pela simples multiplicação comprimento x altura, ou perímetro x pé-direito.

A tabulação individual das paredes permite a checagem das contas e consultas posteriores, além de servir como registro (memória de cálculo).

Quando num pano de parede existirem aberturas - portas, janelas, basculantes, elementos vazados, etc. -, há algumas regras práticas para o levantamento da área de alvenaria:

• Área da abertura inferior a 2 m2 - despreza-se o vão da abertura, isto é, não se faz desconto algum na parede;

• Área da abertura igualou superior a 2 m2 - desconta-se da área total o que exceder a 2 m2.

Essa regra parte do pressuposto que a execução da alvenaria nas bordas da abertura demanda tempo com ajustes, arestamento, escoramento dos blocos, colocação de verga e contraverga, e que esse tempo seria equivalente ao que o pedreiro levaria para preencher o vão se a parede fosse inteira. A regra não é perfeita porque faz uma compensação de homem-hora por material, mas ainda assim é uma prática muito difundida entre os orçamentistas.

Exemplo. Calcular a área de alvenaria de:

(i) parede de 6,0 m x 2,8 m com janela de 1,5 m x 1,0 m;
(ii) parede de 6,0 m x 2,8 m com janela de 1,5 m x 2,0 m;
(iii) parede de 6,0 m x 2,8 m com 1 janela de 1,5 m x 1,0 mel janela de 1,5 m x 2,0 m.

i) Área = 6,0 m x 2,8 m - ° = 16,8 m2.
ii) Área = (6,0 m x 2,8 m) - (1,5 m x 2,0 m - 2 m2) = 16,8 m2 -1,0 m2 = 15,8 m2.
.iii) Área = (6,0 m x 2,8 m) - °- (1,5 m x 2,0 m - 2 m2) = 15,8 m2.


Quantidade de blocos e argamassa de levante

A quantidade de blocos e argamassa por metro quadrado de alvenaria depende da dimensão do bloco e da espessura das juntas horizontais e verticais.

Chamando de bj e b2 o comprimento e altura (em metro) do bloco no plano da parede, e de eh e e, a espessura (em metro) das juntas horizontais e verticais, respectivamente, a quantidade de blocos por m2 será obtida pela divisão de 1 mOpela área do bloco equivalente, que é o bloco acrescido da juntas.

Para o cômputo do volume de argamassa por metro quadrado de alvenaria, a maneira mais
prática é subtrair de 1 m2 a área frontal dos blocos existentes nessa área e multiplicar o resultado
pela espessura da parede (b):


A tabela abaixo mostra a quantidade teórica (nominal) de blocos e o volume de argamassa por metro quadrado de alvenaria para várias combinações de dimensão de blocos e espessura de junta.

Fica a cargo do leitor deduzir a fórmula do volume de argamassa quando a junta vertical é seca.


Exemplo. Calcular a quantidade de cada insumo necessário para a construção de 1 m2 de parede de alvenaria de blocos cerâmicos de 9 cm (largura) x 14 cm x 19 cm, com juntas horizontais e verticais de 1,5 cm de largura. A elevação da parede consome 0,90 h de pedreiro por m2 e igual incidência de servente.

Adotam-se os seguintes consumos para fabricação de 1 m3 de argamassa:
190 kg de cimento
0,632 m3 de arenoso
0,948 m3 de areia média
10 h de servente

Exemplo. No exemplo anterior, se houver no estoque da obra 12 sacos de cimento, 3 m3 de arenoso, 5 m3 de areia e 10.000 blocos, qual a área de alvenaria que pode ser feita sem compra adicional de material?

O cimento é suficiente para (12 sacos x 50 kg/saco) 12,79 kg/m2 = 215 m2
O arenoso é suficiente para 3 m3/ 0,0093 m3/m2 = 322 m2
A areia é suficiente para 5 m3 / 0,0139 m3/m2 = 359 m2
Os blocos são suficientes para 10.000 un 131,47 un/m2 = 317 m2

O insumo de terminante é, portanto, o cimento. Com os insumos em estoque, só se consegue construir 215 m2 de alvenaria.

Pintura

A quantidade de tinta (e também lixamento, selador e massa corrida, se aplicáveis) depende da área total a ser pintada.

Como portas, portões, janelas, grades e armários possuem reentrâncias, fica impraticável levantar a área real a ser pintada. A regra usada é aplicar um multiplicador sobre a área frontal (vão-luz) do elemento a ser pintado, conforme mostra o quadro:


Formulários de levantamento

A maneira mais prática de calcular e documentar os quantitativos de chapisco, emboço, reboco, massa única, pintura de paredes, azulejo e rodapé é mediante a utilização de um formulário cujos dados de entrada são o perímetro e a altura de cada cômodo. Como estes serviços estão vinculados à área ou perímetro de paredes, o cálculo fica mais simples.

Cobertura

O levantamento de quantidades dos serviços de cobertura desdobra-se em madeiramento e telhamento, obviamente no caso de esses dois elementos estarem presentes.

Deve-se sempre tomar em consideração a inclinação de cada água do telhado, que normalmente é dada sob a forma percentual:

Como geralmente as dimensões do telhado são obtidas em projeção horizontal a partir da planta baixa, é necessário obter a área real do telhado, ou seja, ao longo da hipotenusa. Para isso, basta multiplicar a área em projeção horizontal pelo fator abaixo:



Critérios de medição e pagamento

Ao fazer o levantamento de quantidades, é importante que o orçamentista leia com atenção nas especificações e desenhos quais os critérios de medição e pagamento estabelecidos pelo cliente.

Um item que geralmente suscita dúvidas é aterro. Se as especificações técnicas da obra definirem que o preço do aterro deve incluir os custos de escavação da jazida, carga, transporte, descarga, espalhamento e compactação do material, o levantamento de quantidades deve ser feito considerando todas essas etapas. Um orçamentista incauto, que não lesse as especificações, calcularia o volume total de aterro e comporia um custo unitário apenas para o serviço de aterro, o que frustraria substancialmente o orçamento da obra. Para facilitar a composição do custo do aterro, o levantamento deveria ser realizado por partes: primeiro calcular-se-ia a quantidade de material a ser escavado de cada jazida, a quantidade a ser transportada (devido ao fenômeno do empolamento, é maior do que o volume escavado), a distância de cada jazida até o aterro, e o volume de aterro por tipo de material.

Perdas

Durante a orçamentação, é necessário que o construtor leve em consideração as perdas de material que inevitavelmente acontecem. Essas perdas têm diversas origens e só podem ser combatidas ou controladas até certo limite. Infelizmente, apesar de valores elevados de desperdício, é comum entre as empresas considerar normais esses índices, devido à cultura de que eles fazem parte do processo construtivo. Esse fato contribui para que a implantação de programas de melhoria da qualidade seja introduzida de forma muito lenta.

Há perdas que podem ser evitadas e outras que são inerentes à atividade. É quase impossível, por exemplo, pensar em uma armação estrutural com perda zero, por melhor que seja a equipe e o detalhamento do projeto. O que acontece é que, pelo fato de sempre haver um pedaço de vergalhão que não tem como ser aproveitado, a perda é inevitável.

Com relação a concreto, por exemplo, há desperdício de material por extravasão na concretagem, deformação das fôrmas, resíduo que fica na betoneira, excesso na fabricação (faz-se mais do que o estritamente necessário), material utilizado para moldagem de corpos-de-prova, etc. As maiores perdas de concreto, contudo, estão na diferença dimensional entre projeto e campo - uma laje projetada para 10 cm, que venha a ter dimensão final de 10,5 cm já representa 5% de perda, ainda que não se veja nenhum resíduo.

Diferenças dimensionais também são sempre verificadas em emboço, chapisco, contrapiso, etc. Já quando o material é madeira para fôrma, as perdas surgem principalmente das sobras nas atividades de corte e montagem.

No decorrer de uma obra, o controle de perdas deve ser realizado pela equipe construtora. São muitos os casos em que prejuízos acontecem, fruto de desperdício desmedido de material. Formulários de controle podem ser facilmente implementados.

Outras causas causadoras de desperdício são:

• Carga e descarga malfeitas - as operações de retirada dos materiais dos caminhões de entrega são fontes importantes de desperdício. A quebra de tijolos arremessados displicentemente sobre o solo ou sobre outros tijolos, e a descarga de areia e brita são exemplos cotidianos;

• Armazenamento impróprio - Sacos de cimento estocados sobre o chão, tijolos em pilhas disformes, montes compridos de areia e brita (quanto maior a área de contato da pilha com  o solo, maior é a perda, porque há uma incorporação das partículas ao solo subjacente e também contaminação do material), barras de aço em contato com umidade, barras de aço cortadas sem etiquetas de identificação, etc.;

• Manuseio e transporte impróprios - envolve a manipulação incorreta de objetos como tijolos, cimento e barrotes de madeira, como também o transporte inadequado de areia e concreto (em carrinhos de mão que derramam o material no caminho), caminhões supercarregados que espalham terra pelas vias de acesso, etc.

• Roubo - na construção civil o roubo é uma grande fonte de perdas. Excesso de locais de estoque, inexistência de controle de entrada e saída de materiais e ferramentas, almoxarifado devassado, grandes estoques, mão-de-obra pouco confiável e falta de vigilância são fatores que contribuem para que o roubo seja significativo. Auditorias periódicas no almoxarifado e controle de saída de material podem ajudar a coibir essa prática nociva.

Algumas perdas usualmente adotadas são:


Reaproveitamento

Os materiais permanentes, por ficarem incorporados ao produto final, são utilizados apenas uma vez. Os materiais não permanentes, no entanto, podem ser empregados mais de uma vez na obra. Assim, enquanto um tijolo é utilizado uma única vez, os painéis de madeira compensada, os pregos e os tirantes metálicos das fôrmas podem ser usados várias vezes, em várias fôrmas.

O reaproveitamento representa uma maneira de economizar insumos. Quanto mais reutilizado um mesmo material, menor será o custo da obra com aquele insumo. O reaproveitamento depende da qualidade da mão-de-obra, da qualidade do material, do cuidado no manuseio e, muitas das vezes, do projeto. A padronização é essencial para o aumento do reaproveitamento. Obras prediais em que os vãos da viga se repetem mostram que os painéis de fôrma podem ser reutilizados um número de vezes bem maior do que em prédios onde os vãos são muito diferentes e exigem sucessivos cortes dos painéis e a alteração nas fôrmas. Sa composição de custos, quando um material pode ser aproveitado n vezes, seu índice de utilização deve aparecer dividido por n. Por exemplo, se as folhas de compensado são usadas em média quatro vezes, este insumo deve aparecer com uma incidência de  apenas 0,25 m2 por m2 de fôrma de compensado .


sábado, 17 de janeiro de 2015

Capítulo 02 - Graus do orçamento

Seja no setor público, seja na iniciativa privada, antes mesmo do desenvolvimento detalhado de um projeto executivo já há uma preocupação do gestor em ter uma noção do custo total do empreendimento.

É uma preocupação bastante compreensível, porque é a partir dessa avaliação prévia que ele irá optar pelo prosseguimento do projeto, ou aumentá-Io em seu escopo, ou cortar partes, ou reduzir o padrão de acabamento, ou até mesmo abortá-Io se chegar à conclusão de que não dispõe dos recursos requeridos para realizar a obra. A estimativa preliminar do custo da obra é o primeiro ingrediente de qualquer estudo de viabilidade.

A depender do tipo de obra, a estimativa consegue ser mais ou menor precisa. Quando se trata de uma construção convencional, com um projeto relativamente tradicional, com os serviços bem conhecidos pela construtora, com registros de custos de obras similares e sem grandes indefinições e interferências, a estimativa pode produzir números bem próximos da realidade.

É o caso de edifícios residenciais, casas populares, adutoras de água, linhas de distribuição de energia elétrica, etc.

Quando o projeto é pouco convencional, como uma indústria sem precedentes ou uma ponte de design inovador a ser feita com uma tecnologia construtiva poucas vezes aplicada, a estimativa de custos naturalmente carregará em seu bojo uma imprecisão maior.

Nas empresas, a estimativa de custos só serve realmente para dar a ordem de grandeza do empreendimento. Conforme explicado no capítulo anterior, o orçamento propriamente dito requer o levantamento das quantidades e a composição de custos para cada serviço. O orçamento detalhado (ou sintético) gera um produto final muito mais completo e confiável do que a simples estimativa de custos.

Grau de detalhe do orçamento

A depender do grau de detalhamento de um orçamento, ele pode ser classificado como:

» Estimativa de custo - avaliação expedita com base em custos históricos e comparação com projetos similares. Dá uma idéia aproximada da ordem de grandeza do custo do empreendimento;

» Orçamento preliminar - mais detalhado do que a estimativa de custos pressupõe o levantamento de quantidades e requer a pesquisa de preços dos principais insumos e serviços. Seu grau de incerteza é menor;

» Orçamento analítico ou detalhado - elaborado com composição de custos e extensa pesquisa de preços dos insumos. Procura chegar a um valor bem próximo do custo "real", com uma reduzida margem de incerteza.

Estimativa de custos


A estimativa de custos é uma avaliação expedita feita com base em custos históricos e comparação com projetos similares. Dá uma idéia da ordem de grandeza do custo do empreendimento.

Em geral, a estimativa de custos é feita a partir de indicadores genéricos, números consagrados que servem para uma primeira abordagem da faixa de custo da obra. A tradição representa um aspecto relevante na estimativa.

No caso de obras de edificações, um indicador bastante usado é o custo do metro quadrado construído. Inúmeras são as fontes de referência desse parâmetro, sendo o Custo Unitário Básico (CUB) o mais utilizado. Cada construtora, no entanto, pode ir gerando seus próprios indicadores com o passar do tempo.

Outros indicadores genéricos são:

• Custo por metro linear de rede de drenagem ou esgoto;
• Custo por hectare de urbanização;
• Custo por megawatt de energia instalado (para usinas hidrelétricas);
• Custo do quilômetro de estrada;
• Custo do quilômetro de linha de transmissão de alta tensão.

Importante: A estimativa de custos não elimina a necessidade de se fazer o orçamento analítico.

CUB

A Lei 4.591/64 atribuiu à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a tarefa de padronizar critérios e normas para cálculo de custos unitários de construção, execução de orçamentos e avaliação global de obra. A lei obriga os Sindicatos da Indústria da Construção estaduais a calcular e divulgar mensalmente os custos unitários da construção na sua base territorial, referentes a diversos padrões de construção.

A norma criada pela ABNT foi a NB-140, posteriormente substituída pela NBR 12.721. Ela define os critérios de coleta, cálculo, insumos representativos e os seus pesos de acordo com os padrões de construção (baixo, normal e alto), que levam em conta as condições de acabamento, a qualidade do material empregado e os equipamentos existentes.

O Custo Unitário Básico da Construção Civil (CUB) representa o custo da construção, por m2, de cada um dos padrões de imóvel estabelecidos.

O CUB de cada projeto-padrão é calculado aplicando-se aos coeficientes constantes dos quadros da NBR 12.721 (lotes básicos) os preços unitários dos insumos (material e mão-de-obra) ali relacionados. Esses preços são resultantes de pesquisa mensal feita pelos Sindicatos (batizados
de SINDUSCON na maioria dos Estados) junto a expressivo número de construtoras, que mensalmente informam os valores praticados. Quanto à mão-de-obra, é aplicado um percentual correspondente aos encargos trabalhistas e previdenciários, decorrentes da legislação própria e da Convenção Coletiva de Trabalho.

Dessa forma, o CUB é o resultado da mediana de cada insumo representativo coletado junto às construtoras, multiplicada pelo peso que lhe é atribuído de acordo com o padrão calculado. Na tabela, os custos estão divididos de acordo com a unidade autônoma (tipo de construção e número de quartos), número de pavimentos e padrão de acabamento.

Por se tratar de um parâmetro médio, no valor do CUB não estão considerados os custos referentes às especificidades da construção, como o valor do terreno, fundações especiais, paisagismo, elevadores, instalações e equipamentos diversos, obras complementares, impostos, taxas, honorários, etc.

É fácil estimar o custo de construção de um imóvel a partir do CUB. Basta buscar na tabela o ,valor do CUB correspondente ao padrão e multiplicá-Io pela área de construção.

Exemplo: Seja um edifício residencial de oito pavimentos de três quartos, de 300 m2 por pavimento, de padrão normal, em Salvador. Calcular o custo de construção utilizando o CUB.

Área construída total = 2.400 m2
CUB Salvador junho/2006 (H8-3N) = R$ 704,37/m2
Custo total = 2.400 m2 x R$ 704,37/m2 = R$ 1.690.488 - R$ 1.700.000,00

Índice CUB

Há que se atentar para a diferença entre CUB e Índice CUBo O CUB é um valor em reais. Ele representa o valor, por m2, da construção de uma habitação de acordo com os padrões estabelecidos pela NBR 12.721. Como o cálculo é feito com uma periodicidade mensal, é possível criar uma série histórica da evolução dos valores a partir das suas variações mensais.

OÍndice CUB é a variação acumulada do CUB entre o mês anterior e o atual. É um percentual. Ele representa quanto o custo de construção variou de um mês para o outro. É um parâmetro importante para comparação entre a alta dos preços da construção civil e outros índices mais genéricos divulgados na imprensa - IGP-M, INPC, INCC, ICC, FIPE, etc.


Custo Unitário PINI de Edificações:

A PINI desenvolveu uma metodologia própria de cálculo do custo do metro quadrado construído. Trata-se do Custo Unitário PINI de Edificações. Ele serve como uma referência paralela ao CUBo Por ter um projeto padrão diferente daquele do CUB, naturalmente os dois índices levam a valores distintos, porém não muito distantes entre si. Cabe ao orçamentista enquadrar sua obra nos padrões adotados e verificar qual o índice que mais se adapta ao caso.


Outros índices

Existem outros parâmetros de referência para custos de construção, em sua maioria concementes a um setor específico.

Um exemplo é o Custo de Urbanização - Avaliação de Glebas, calculado para um módulo de 1.000 m2 de área útil. Esse custo é atualizado pela PINI mensalmente:


Orçamento preliminar
O orçamento preliminar está um degrau acima da estimativa de custos, sendo um pouco mais detalhado. Ele pressupõe o levantamento expedito de algumas quantidades e a atribuição do custo de alguns serviços. Seu grau de incerteza é mais baixo do que o da estimativa de custos.

No orçamento preliminar, trabalha-se com uma quantidade maior de indicadores, que representam um aprimoramento da estimativa inicial. Os indicadores servem para gerar pacotes de trabalho menores, de maior facilidade de orçamentação e análise de sensibilidade de preços.

Em obras similares, a construtora pode ir gerando seus próprios indicadores. Embora os prédios tenham projetos arquitetônicos distintos e acabamentos diferentes, nota-se que os indicadores não flutuam muito .

À seguir são mostrados alguns indicadores úteis para levantamentos expeditos de construções prediais. Embora cada prédio tenha seu projeto particular, a relação entre os quantitativos dos principais serviços obedece a um comportamento geral.

Volume de concreto

o volume de concreto de um pavimento engloba pilares, vigas, lajes e escadas. Define-se espessura média como a espessura que o volume de concreto do pavimento atingiria se fosse distribuído regularmente pela área do pavimento.

Importante: a espessura média refere-se apenas à superestrutura do prédio: não inclui concreto de fundações (blocos, tubulões), quadras esportivas, etc.

Peso de armação

Embora lajes, pilares e vigas tenham solicitações distintas e que sejam armados com diferentes densidades de aço por metro cúbico de concreto, verifica-se que em construções prediais a taxa de aço média fica numa faixa.


Área de fôrma

Embora a quantidade de fôrma para moldagem de um pilar seja bem mais representativa do que para uma laje, verifica-se que a utilização média de fôrma cai sempre numa determinada faixa.



Estimativa de custos por etapa de obra

A estimativa de custos por etapa de obra é uma decomposição da estimativa inicial, levando em consideração o percentual que cada etapa da obra representa no custo total.

A tabela de percentuais é fruto de estudos de obras similares e vem geralmente em faixas de estudo de obras similares. A decomposição em etapas é útil por apresentar um valor estimado para cada  etapa da obra, além da importância relativa de cada uma delas.

A tabela a seguir dá uma noção da representatividade de cada etapa no custo total de uma obra de edificações:

Ao se trabalhar com a estimativa de custos por etapa de obra, deve-se ter em conta de que os percentuais são apenas referenciais. No caso de se ter uma obra atípica - implantada em aclive pronunciado, ou em terreno muito fraturado, ou com grandes balanços na estrutura, ou com sofisticada pele de vidro na fachada -, os percentuais da tabela certamente não serão muito exatos. O ideal continua sendo sempre elaborar o orçamento analítico da obra.

Uma utilidade do orçamento por etapa é que o orçamentista pode rapidamente avaliar se a cotação de um subempreiteiro está dentro ou fora da faixa esperada.

Exemplo. No mesmo exemplo do edifício residencial de 2.400 m2 de área construída, o valor estimado do custo de construção por etapa de obra seria:


Orçamento analítico
O orçamento analítico constitui a maneira mais detalhada e precisa de se prever o custo da obra. Ele é efetuado a partir de composições de custos e cuidadosa pesquisa de preços dos insumos. Procura chegar a um valor bem próximo do custo "real".

O orçamento analítico vale-se de uma composição de custos unitários para cada serviço da obra, levando em consideração quanto de mão-de-obra, material e equipamento é gasto em sua execução. Além do custo dos serviços (custo direto), são computados também os custos de manutenção do canteiro de obras, equipes técnica, administrativa e de suporte da obra, taxas e emolumentos, etc. (custo indireto), chegando a um valor orçado preciso e coerente.

Uma explicação completa acerca do orçamento analítico é encontrada nos capítulos seguintes
deste arquivo.